Instituto Pensar - Dallagnol nega pressão para deixar Lava-Jato e defende diálogo com a PGR

Dallagnol nega pressão para deixar Lava-Jato e defende diálogo com a PGR

por: Nathalia Bignon 


Em entrevista à emissora RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná, o procurador da República Deltan Dallagnol negou que sua saída do comando da Operação Lava Jato, anunciada na terça-feira (1º), tenha ligação com pressões relacionadas à atuação da força-tarefa. Ontem, ele se pôs "à disposição do Brasil?.


Sob processos disciplinares internos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e em confronto direto com a Procuradoria-Geral da República (PGR), um dos homens-símbolo da Operação e braço-direito do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, afirmou que deixou o comando do braço curitibano por uma decisão estritamente familiar. Dallagnol justificou que a filha de 1 ano e 10 meses apresentou sinais de problemas no desenvolvimento e que precisará da dedicação dos pais no tratamento.

"Pressões sempre existiram, existem e vão continuar existindo na Lava Jato. Nossa história mostra que sempre encarou essas pressões com coragem, determinação, trabalho, resiliência e pedindo ajuda da sociedade, que a gente sempre teve?, afirmou.

De acordo com o procurador, o problema de saúde da filha, que ainda não tem diagnóstico, "atropelou todas as outras questões?.

Conflitos com a PGR

A saída de Dallagnol ocorre pouco depois do Procurador da República, Augusto Aras, defender a "correção dos rumos? para que o "lavajatismo não perdure?. Mesmo assim, ele negou qualquer tipo de interferência da PGR no processo de substituição dele.

"Não existe nenhuma interferência externa nessa decisão. Teve abertura de uma consulta para que qualquer procurador da República lotado em Curitiba manifestasse o interesse de assumir a Lava Jato. E apenas ele [Alessandro] manifestou interesse?, explicou.

Dallagnol e Aras travavam uma batalha pelo acesso aos bancos de dados sigilosos da operação e pela própria continuidade do modelo das forças-tarefas.

Conciliação

Nesta quarta, em fala enviada ao jornal O Globo, ele adotou um discurso conciliatório, apostando que uma aproximação entre o chefe e a força-tarefa de Curitiba pode "dissipar suspeitas?.

"As suspeitas se dissiparão se houver uma aproximação para melhor conhecimento de como funciona o trabalho em uma investigação tão grande e complexa?, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa.

Dallagnol lembra que a reaproximação com a cúpula do Ministério Público Federal (MPF) deve ocorrer sem "minar? a independência dos procuradores no combate à corrupção.

"O caminho é o diálogo, o respeito e a cooperação. Desejo que possa existir uma aproximação em prol do interesse público e da sociedade?.

Substituto de Dallagnol

O procurador da República no Paraná, Alessandro José Fernandes de Oliveira, vai assumir as funções de Deltan Dallganol, que, por sua vez, terá as atribuições deixadas por Oliveira.

Oliveira foi escolhido por ser o mais antigo procurador da carreira no Paraná a se colocar como disponível para trocar de posição com Dallagnol e assumir a coordenação da Lava-Jato. Não houve outros candidatos, de acordo com o MPF do Paraná. Para interlocutores do antigo coordenador, a escolha do nome de Oliveira foi estratégica.

O novo coordenador é conhecido por sua discrição, moderação e pelo estilo conciliador. Ele é avesso, por exemplo, as redes sociais. Segundo colegas, seu perfil difere bastante de Dallagnol que não hesitava em usar sua conta pessoal no Twitter para criticar decisões de tribunais e até de seus superiores no MPF quando estes, segundo sua visão, iam de encontro a bandeira do combate à corrupção.

Com informações do G1 e O Globo



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